Enquanto fico pensando nos Quadrinhos que eu queria ter comprado em Dezembro e acabei deixando pra depois, percebo com que facilidade nos afastamos do que queremos, distraídos – ou aparentemente satisfeitos – com a versão virtual daquilo que queremos, versão essa muito mais imediata e ágil, proveniente da pequena tela do celular. Chegamos ao ponto onde as buscas e descobertas desconectadas do seu smart phone são a exceção, tão raras que chegam a muitos carregadas de um desconforto, um desagrado. Perdemos o costume de nos aprofundarmos, pois mergulhos profundos exigem mais (estudo, trabalho, tempo, paciência). O ritmo das redes sociais mal molha nossos pés e nos esquecemos dos benefícios de uma vida mais atenta, mais presente.
Estou mais contente com a minha produção da história nova em Janeiro do que em Dezembro. Não sei dizer se produzi mais, mas nesse começo de ano me sinto mais conectado com a história, com os personagens. Voltei do ano novo na praia mais focado, mais inspirado, mais determinado a voltar a enxergar o trabalho artístico em eterno movimento, sempre tentando melhorar, sempre tentando aprender mais.
Querer sempre melhorar não é exclusividade do artista, mas é tão anacrônico quanto dar mais importância para a vida longe do celular.
(quando é que eu vou visitar a loja Monstra e comprar esses gibis que eu quero ler?)
Cuidem uns dos outros, com gentileza e curiosidade.
Pa-ZOW!
Fábio Moon
Base Lunar, São Paulo
20 de Janeiro de 2024