Três pra um
Passada a primeira semana de inscrições do Laboratório de Produção de Quadrinhos, perguntei para a biblioteca quantos inscritos tínhamos até agora para o curso.
“Estamos com 72 inscritos até o momento, destes 52 enviaram o formulário de interesse”, ela disse, depois completou: “Encaminhei lembretes sobre o formulário para os outros 20”.
Esse período de inscrições vai até o dia 18. Por enquanto, temos três inscritos para cada vaga. Acho um bom número. Se na semana seguinte chegarmos a cinco inscritos para cada vaga, acho melhor começar a seleção. Como eu disse na carta anterior, se você tem vontade de fazer o curso, não deixe pra se inscrever na última hora.
Já ouvi um quadrinista me dizendo que conhece alguém que se inscreveu (outro quadrinista). Ouvi dizer também que a sobrinha de uma amiga minha também se interessou. Acho saudável a variedade dos participantes, desde a idade até a formação. O intercâmbio das diferentes opiniões cria misturas interessantes.
Nesse sentido de intercâmbio, o professor do módulo de roteiro e escrita do curso, o Joca, não é da área de Quadrinhos em si. Gosta de quadrinhos, leu muito, mas é primeiramente escritor de prosa e poesia, e é nesse diálogo entre os Quadrinhos e a escrita poética que eu acho que o curso vai estimular um pensamento diferente nos alunos. Talvez o público do Joca (que dá cursos de escrita criativa e narrativas curtas em diversos lugares, inclusive online) vá atrás dele e se aventure nesse curso de Quadrinhos, e nosso intercâmbio aumentará ainda mais.
As cores que escolhemos ver
Um amigo meu colorista, o José Villarrubia, compartilhou no Facebook que foi contratado pra recolorir um Quadrinho clássico francês do Jean-Pierre Dionnet e do Enki Bilal, o Exterminador 17, e compartilhou algumas páginas nas cores originais lado a lado com suas novas versões. É interessante ver o que ficou parecido e o que mudou. O convite veio de Dionnet, roteirista da história, e as novas cores foram aprovadas tanto pelo escritor como por Bilal.
A partir das cores originais de Patricia Bilal no álbum de 1979, Villarrubia compartilhou também que estudou outros trabalhos de Bilal (que tem um estilo pintado e muitas vezes colore os próprios desenhos) pra entender quais as cores que ele mais utiliza, e a partir daí estabeleceu uma paleta de cores que, segundo ele, aproximaria esse trabalho das outras obras do artista. Gostei dessa abordagem, gostei desse movimento de incorporar a cor como parte do estilo de um autor, como parte da cara do trabalho. Meu amigo ainda compartilhou uma página da edição original (à esquerda), uma página recolorida anos atrás (ao centro), e sua versão atual (à direita), pra ilustrar o cuidado e o capricho das novas cores.
O desenho e a palavra
Mais um final de semana com Feira do Livro no Pacaembu, pra continuar descobrindo novos autores e continuar me inspirando nessa vida mágica que nos rodeia se lembrarmos de sair de casa. Mais um final de semana com vôlei de areia. Se fizer sol, churrasco. Se fizer frio, lareira.
Desenho de observação.
Palavras ouvidas escritas no caderno.
Escrever com o pincel gera letras cheias de curvas que me lembram as curvas do seu corpo.
Qual será o desenho que eu vou fazer nesse final de semana?
Cuidem uns dos outros, com gentileza e curiosidade.
Pa-ZOW!
Fábio Moon
Base Lunar, São Paulo
5 de Julho de 2024